quarta-feira, 25 de julho de 2012

A FESTA DA MAIORIDADE

 
Solteira e amada por todos os boêmios do Centro Histórico de Natal, a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências – SAMBA – chegou à maioridade ao completar 18 anos em 2012. Fundada em 1994 no balcão do bar do Nasi, na rua dr. José Ivo, a entidade foi criada para reunir os frequentadores do Beco da Lama em torno da luta pela preservação da cultura e do patrimônio do Centro Histórico de Natal. Para comemorar a data em grande estilo, a atual diretoria da SAMBA promove no próximo sábado, 28 de julho, a partir das 12h, na mesma rua dr. José Ivo onde tudo começou, a Festa da Maioridade. O evento vai reunir música, teatro, dança, fotografia, poesia e uma série de homenagens. É importante frisar que o evento acontece com o total apoio da promotoria de Justiça do Meio Ambiente e, principalmente, dos moradores da Cidade Alta.

A programação começa às 12h com uma exposição fotográfica coletiva dos fotógrafos que registraram o Beco da Lama durante os últimos 18 anos. A abertura oficial fica por conta dos ‘Tambores do meio-dia’. Quem puxa o primeiro coro de parabéns é o grupo de percussão Folia de Rua. Em seguida, a superintendente do IPHAN, Jeanne Nesi, participará de um debate com os frequentadores da Cidade Alta sobre a importância do tombamento do Centro Histórico de Natal como patrimônio cultural brasileiro.

A festa segue com apresentação de um trecho da peça ‘Gota D´água’, de Chico Buarque de Holanda. A interpretação especialíssima é do ator João do Vale. A poesia ganha espaço logo depois com o recital de poemas de Antônio Francisco através da performance da atriz Eliene Albuquerque. Em seguida, os dançarinos Matheus e Natália Rodrigues caem no samba para mostrar que ali no Beco da Lama ninguém é ruim da cabeça nem doente do pé. É o abre-alas para a programação musical que começa com a apresentação do grupo ‘Chorões do Asfalto’.

Finda o chorinho, a turma ganha um fôlego de 30 minutos porque é hora de homenagear entidades e personalidades que fizeram parte da história da SAMBA. Por conta da data, foram escolhidas 18 pessoas, símbolos desta maioridade, mesmo sabendo que muito mais gente fez parte desta história. Após a rápida cerimônia, o Balalaika Brega Band reabre os trabalhos musicais. E tudo termina no samba do Nós do Beco, já na boca da noite.

Durante toda a Festa da Maioridade, e nos próximos eventos realizados pela SAMBA, a diretoria estará cadastrando novos sócios e recadastrando antigos filiados.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A DESGRAÇA DO AZAR


Texto: Rafael Duarte

Toda família que se preza tem suas regras. E lá em casa, desde sempre, tinha umas proibições meio nonsense. As palavras azar e desgraça, por exemplo, eram terminantemente proibidas. Pior que palavrão, a simples pronúncia de azar e desgraça tinha quase a mesma dimensão que, sei lá, cospir na santa. De vez em quando escapava diante de uma topada com o dedo mindinho na quina do sofá ou na mesa de centro da sala depois, obviamente, daquele xingamento que alivia todas as dores do mundo.

Mas independente do momento, e da intensidade do sofrimento, com azar e desgraça não tinha conversa nem perdão. Minha mãe dizia - e diz até hoje! - que tanto azar como desgraça são tão negativos que atraem coisa ruim. Mas hoje não tem jeito. Peço vênia (aprendi na cobertura dos precatórios) à dona Sônia porque a semana foi de lascar.

Micarla de Sousa e Lúcio Flávio, tenho absoluta certeza, não se conhecem. Mas são muito parecidos. Ela dispensa apresentação como prefeita desta cidade abandonada, já o sujeito trabalha como copeiro num boteco da Barra da Tijuca. Embora distante vários quilômetros, duas coisas unem os dois. Pense numa dupla desgraçadamente azarada.

Lúcio Flávio é o estereótipo do lascado. O cabra costumava participar do bolão coletivo da Mega Sena com os colegas funcionários do botequim. Toda semana, com chuva ou sol, fazia a fezinha de sempre com aquela sensação de que agora vai dar. Era uma fé coletiva, todos fazendo planos ousados. Lúcio Flávio sonhava. O maior desejo era fazer e festa da filha de oito anos. Contava as moedas e guardava o troco para não passar batido. Mas vacilou.

No bolão da quina de São João desta semana Lúcio Flávio não quis se misturar com a rapaziada reunida. Pense num azar desgraçado. A turma ganhou e rachou a grana só com quem jogou. Deu R$ 635 mil para cada um. Foi demissão em massa no bar. Os dez garçons, os seis copeiros, os dois caixas e o gerente deixaram o amigo para trás. Deu no Globo. Para Lúcio Flávio sobraram as piadas e a gozação dos conhecidos. Virou celebridade no Rio de Janeiro. Caiu em desgraça por causa de um dia de azar.

Nessa história incrível, só quem não pode sentir pena do pobre do Lúcio Flávio é Micarla de Sousa. Pense num azar desgraçado. A prefeita adiou tanto a decisão de que não ia tentar a reeleição que quando resolveu dizer o que todo mundo já sabia o Ministério Público avacalhou geral com a operação Assepsia. Uma fraude milionária na contratação de empresas de fachada para gerir a saúde é, realmente, muito azar. A casa desabar sobre a cabeça de uma prefeita de mãos tão limpas, que vinha fazendo uma gestão tão revolucionária imune aos escândalos tão presente nas administrações dos adversários, tudo isso, acreditem, é muito azar. Mas é bom parar de escrever sobre isso. Vai que a prefeita muda de opinão. 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

SAMBA DO BECO

    Texto: Sérgio Vilar*
    Fotos: Julio César Pimenta

    *Publicado originalmente no Diário de Natal



Uma Sociedade. Um livro preto. Um beco o mais estranho da cidade. Por lá passeiam esquerdopatas, poetas de poucos versos, professores de poucos alunos, pesquisadores (a categoria mais abrangente do planeta), produtores (muitos!), pintores, profissionais autônomos e liberais, alguns poucos conservadores, comerciantes, outros ditos figuras folclóricas e uma totalidade de boêmios. Disso e de mais uma pimenta rara de inquietação, tradição e provicianismo é feito o Beco da Lama.

Para mexer essa sopa e servir o jantar quentinho para todas as tribos de inquietos e bebuns, foi criada a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba). A intenção foi cuidar daquele chão cercado de histórias e uma vocação cultural incomum à cidade. Próximo dia 30 de julho será comemorado a maioridade da entidade: 18 anos. E para celebrar a data, a diretoria recém-eleita da Samba está programando uma festa – o primeiro evento da nova formação da Sociedade. E com novidades.

A primeira delas acontece amanhã. Será a festa da posse. A partir das 16h, no Bardallos Comida & Arte, um DJ fará a programação voltada ao ritmo junino. Acesso livre, para associados ou não. Tudo sem maiores ornamentações. É que a Samba não possui um real para nada. Sem dotação própria, sofre com a dependência de patrocinadores para manter o calendário anual de ações culturais, a exemplo do Festival Gastronômico Pratodomundo, o Dia da Poesia, o Carnabeco, o Baile de Máscaras, e outros.

Para tentar modificar o quadro, a diretoria eleita decidiu pela cobrança de uma taxa de R$ 60 de anuidade aos associados. Para tal, fará o esperado recadastramento. A ação será durante a celebração da festa de 18 anos da Samba, agendada para 28 de julho (um sábado). A intenção primeira é de festejar no coração do Beco. Para tal, nos próximos dias uma comissão participará de audiência com a promotora do Meio Ambiente, Rossana Sudário, para verificar a possibilidade da festa.

Durante a comemoração será feito o recadastramento. Para isso, bastará preencher uma ficha com dados para melhor comunicação entre a diretoria da Samba e seus sócios. A intenção, segundo o presidente da Samba, Dorian Lima, é criar um senso de responsabilidade aos associados para com o Beco, além de fazer caixa. A ficha de cadastro também servirá para convocação de assembleias e demais eventos. E tentará solucionar de vez a sempre polêmica lista misteriosa de associados.

Em cada eleição do Beco há contestação em razão do número duvidoso de sócios, registrados em três livros diferentes: um preto, outro amarelo e outro verde. No Livro Preto consta a ata de fundação da Samba e o registro dos primeiros associados – praticamente todos. No segundo e terceiro, algumas atas de assembleias e poucos registros de associados. Muitos já morreram. Outros já não moram na cidade. E a intenção é organizar essa lista, mediante preenchimento de ficha e pagamento de anuidade. Qualquer um pode se associar.

Para falar mais a respeito do futuro da entidade, o diretor executivo da chapa Nós dá Samba, vencedora no último pleito, derrotando a chapa Eu Sou Biba por esmagadores 113 contra 48 votos, comenta a respeito. Dorian Lima é produtor cultural, frequentador assíduo do Beco e das gestões da Samba. Depois de participar das últimas três administrações da entidade, assume o bastão da Samba com promessas de renovação e um futuro melhor pro Beco. Tudo por amor à causa e à boemia.


DORIAN LIMA / ENTREVISTA
"PRESIDENTE POR AMOR À CAUSA"




Você comentou da necessidade de fazer caixa e cobrar uma taxa dos associados. É ponto acordado isso?
É sim. Agora, ainda iremos discutir alguns casos pontuais. Tem gente que não tem condições de pagar, outros estão desempregados, ou seja. São exceções que iremos avaliar. Mas no geral iremos cobrar esses 60 reais, que dá 5 reais ao mês.

Para esse recadastramento terá outro pré-requisito, outro critério?
Não. Claro, nós vamos pedir apenas o preenchimento de uma ficha com nome, email, endereço de redes sociais para modernizar a coisa e facilitar a comunicação da diretoria com seus associados. Teremos 30 ou 40 dias para organizar isso e fazer o recadastramento na festa de 18 anos da Samba.

Verdade que a diretoria foi dividida em grupos de atuação para melhorar a atuação?
É, a princípio temos o grupo de comunicação e outro para cuidar dessas burocracias de receitas, a exemplo de inscrição em editais, buscar dinheiro junto às empresas e poder público, essas coisas. Ainda iremos montar os outros.



Sem dinheiro, como a Samba pretende promover a festa da posse e quais os planos para manutenção do calendário anual de atividades da entidade?
Para a posse, são as parcerias para pouca coisa. Será algo bem simples. Para a festa dos 18 anos, queremos nos inscrever no edital de pequenos projetos lançado pela Fundação José Augusto, que cede R$ 3 mil. E para outros eventos iremos, como sempre, atrás do Sebrae, da Funcarte, da Fundação José Augusto, que são os patrocinadores comuns. Mas temos muitas ideias para diminuir essa dependência. Até a confecção de camisetas para venda, criação de um livro dourado para colher donativos, por aí.

A diretoria não ganha um real para realizar esse trabalho, que não é pouco e ainda sofre críticas. Por que há até disputa pelo cargo?
Olha, eu fui o 13º filiado da Samba. Participei da fundação. E sempre fui incorporado às gestões. Na gestão de Dunga (Eduardo Alexandre) eu fui do conselho fiscal. Na gestão de Bira (Ubiratan Lemos) fui diretor cultural. E na última, de Augusto Lula, fui diretor de eventos. Nesta agora fui indicado à diretoria executiva. E nem queria. Mas não se achou outro nome com um tempo de experiência e com vontade de participar.

E por que você aceitou?
Por amor à causa. Pela convivência com amigos e pelo amor à gastronomia, à arte, à boemia, ao patrimônio histórico. E também para homenagear velhos amigos já falecidos que sempre frequentaram e gostavam do Beco: Nazi, Bosco Lopes e, mais recentemente, Manoelzinho do TRE. É pela valorização disso tudo. A gente milita no meio cultural há algum tempo. Você sabe, promovemos o Festival MPBeco, o Bloco dos Manicacas, tudo por ali. E criamos amor à causa, à cultura dessa cidade que a gente ama.

O LULISTA*

   
   Texto: Rafael Duarte
   Foto: Adriana Spaca
   
  
 

As sandálias Havaianas completam 50 anos em 2012. Sucesso absoluto. O TRE que me perdoe a propaganda antecipada, mas as Havaianas são, entre as candidatas, a mais brasileira das sandálias. E vamos ser honestos, os caras sabem vendê-la. Mesmo mudando o slogan do produto na mesma velocidade com que técnico de futebol muda de clube. Hoje se boa parte dos pés brasileiros calçam as ‘legítimas’, até pouco tempo atrás calçavam as que não davam cheiro nem soltavam as tiras.

Na área das vendas, no metier da publicidade, gosto, em especial, daquela propaganda em que o ator Lázaro Ramos conversa com uma turma de amigos brasileiros sobre os problemas do Brasil. Ali, na praia, a rapaziada abre o coração e fala de peito aberto das mazelas, das dificuldades, enfim, do que não presta neste país tropical abençoado por Deus. De lado, um argentino olha a conversa e, claro, concorda com tudo. Mexeu em casa de maribondo. Argentino falando mal do Brasil em pleno Rio de Janeiro? Não pode. E o vídeo termina com a galera botando o hermano para correr.

É que dos defeitos da gente entendemos nós. Forasteiro não dá pitaco na casa dos outros. Vai encarar? Brasileiro é assim e pronto. No futebol e na política o sujeito até admite que fez merda, mas não venha alguém de fora apontar o dedo para o que está errado. Atualmente ninguém simboliza melhor esse personagem brasileiro que o Lulista. Ex-presidente mais popular da história do país, Lula é o Brasil cheio de contradições dos brasileiros, mas que argentino nenhum pode mangar. Nos bastidores, entre quatro paredes, o Lulista reconhece em Lula um Deus de carne e osso que tem vários defeitos, mas vá qualquer outro apontá-los para ver o que acontece.

No fundo, o Lulista de verdade não absorveu o discurso de que o projeto de poder de qualquer partido tem ligação direta com a cooptação de aliados, tenham eles os defeitos que tiverem. Para ele, o Lulista de fé, a qualidade ainda tem prioridade sobre a quantidade. Para o Lulista histórico, não devia-se rasgar os princípios em nome dos benefícios de qualquer vitória.

Quando Lula toca a campanhia da mansão de Maluf com o Hadadd a tiracolo, não significa apenas 1 minuto e 35 segundos a mais no tempo da TV do PT em São Paulo. Ali, com a mão estendida, na casa alheia, o ex-presidente reconhece, com um sorriso amarelo, que tem que dar para receber. O Lulista hoje é um compulsivo em potencial a procura desesperada da próxima desculpa. É aquele assessor de imprensa que morre de medo que o chefe mande convocar uma entrevista coletiva porque sabe que, ao final do discurso, vai ter que preparar a nota oficial da empresa dizendo que não foi bem aquilo que o ‘homem’ quis dizer. 

O Lulista é um brasileiro legítimo apaixonado pelo tempo em que Lula não soltava as tiras.


*Dedicado a Francisco José Duarte, meu pai

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A CAIXA DE FÓSFORO

    Texto: Rafael Duarte
    Fotos: Anastácia Vaz



Os irmãos Valdir e Antônio de Medeiros entendem do riscado. Há 28 anos no comando do ‘Caixa de Fósforo’, boteco encravado na rua Princesa Isabel, no Centro, a dupla leva o barco devagar como nos sambas do Paulinho da Viola. O botequim é, proporcionalmente, tão pequeno como uma caixa de fósforo, mas ainda assim os proprietários conseguiram criar dois ambientes: no balcão que dá para a rua, onde bebem os chamados ‘forasteiros’ e na parte interna, onde cabem, no máximo, 15 clientes mais chegados.

Na parede improvisada do estabelecimento, uma placa singela indica que o ambiente é de família e, por isso, higiene é norma da casa. “Não pode jogar cerveja nem cuspir no chão aqui dentro, senão isso aqui vira uma seboseira. Precisei botar essa placa aqui porque tem gente que não respeita e cospe mesmo”, revela Valdir, o irmão mais novo.

Para Antônio de Medeiros, o botequim é como a própria residência que mantém apenas como dormitório, em Lagoa Nova. “Passo a maior parte do tempo no bar, para casa mesmo vou só à noite quando fecho tudo. E logo cedo estou de volta. Descanso é no domingo, mesmo assim venho para o bar pela manhã para limpar a geladeira e o restante das coisas que ficaram sujas”, relata.



O dono do ‘Caixa de Fósforo’ deixa claro a opção pelos clientes mais antigos, ainda que sirva com cordialidade qualquer pessoa que chegue ao bar para tomar, geralmente, uma cerveja gelada. E reafirma o sentimento caseiro que tem pelo boteco. “Aqui dentro do bar não entra forasteiro. Até porque não boto qualquer pessoa para dentro da minha casa”, disse.

Além do tamanho, o Caixa de Fósforo também se difere dos outros botequins por vender apenas cerveja em lata e long neck. A opção foi feita depois de um problema com a burocracia da Ambev e a decisão foi aprovada pelos frequentadores. “O pessoal gostou porque a cerveja esquenta menos no copo e para nós também foi ótimo, já que o consumo até aumentou”, comemora.

A cozinha, comandada simultâneamente pelos dois irmãos, uma herança da mãe que ensinou o ofício para os 14 filhos, também é destaque no estabelecimento. No cardápio dos tira-gostos, que custam em media R$ 5, o prato, aparecem rabada, galinha, peixe frito, cozido, carneiro e a costela de porco.






Do atendimento ao tira-gosto, tudo é aprovado pelos clientes mais antigos. Que o diga o aposentado João Revorêdo, de 80 anos, que acompanha os irmãos Medeiros desde a fundação do Caixa de Fósforo. Nem a ausência de mulheres, num ambiente predominantemente machista, é motive de queixa. “Para arengar já tenho uma velha lá em casa. Para mim, aqui, é o melhor boteco de Natal. Venho para cá porque se eu ficar parado morro. Meu serviço é beber”, filosofou.

O BAR DA NAZARÉ


Texto: Rafael Duarte
Fotos: João Maria Alves e Magnus Nascimento



 
A família Melo é grande. A freguesia que adotou o bar como a segunda casa é de perder de vista. Com pulso firme e diplomática, Nazaré se divide em várias tanto atrás do balcão como na cozinha e até atendendo a assistência. Ao lado, o fiel escudeiro Paulo Eduardo. E lá se vão 17 anos só no ponto já tradicional da rua Coronel Cascudo, adjacência do Beco da Lama, no Centro Histórico (ao lado do supermercado São Cristóvão, por trás da Assembleia Legislativa). 

A relação com o bar é difícil, mas a dupla tira de letra. Segundo Paulinho, que também atua em todas as posições do botequim, ambos já se habituaram. “Na realidade a gente já ficou habituado. Minha mãe já tem mais de 20 anos nesse ramo. Como o empreendimento é pequeno e não dá muito dinheiro não podemos pagar muitos funcionários. E a gente acaba passando o dia no bar, o que é bom também porque o cliente te vê e você pode arrumar alguma coisa que não está legal”, disse o herdeiro de Nazaré, conhecido pela língua afiada e os coices em parte da clientela já se habituou com o estilo.




Cansativo e prazeroso: uma mistura que dá liga e samba em todo botequim de verdade. No fim das contas, mesmo quando o caixa aperta, o sentimento de dever cumprido é o que vale. “É cansativo, não é ruim não. Mas é aquele negócio: é no bar que você come, faz tudo e leva até documentos que se fosse deixar em casa para resolver alguma coisa seria uma contramão danada. Então, virou hábito”, conta.

Aberto das 8h30 às 22h (com exceção das terças-feiras, que fecha às 19h, por conta das reuniões da maçonaria, no primeiro andar do boteco), o bar de Nazaré se especializou em pratos como a carne de sol, o guizado, o carneiro, a fava servida no sábado e a feijoada que fazem a alegria dos clientes na sexta-feira. O caldo de cação e de camarão (quando vem camarão) são meus favoritos.

Outro dia um cliente sentiu falta do crustáceo no caldo e foi reclamar ao Paulinho. Se o conhecesse saberia que melhor mesmo é ficar calado. "Você não pediu caldo? Se quisesse camarão era só dizer que eu fazia uma porção e cobrava mais caro", atacou com aquele humor já conhecido.

Serviço:
Bar da Nazaré
rua Coronel Cascudo, Centro Histórico
(por trás da Assembleia Legislativa)
Horário: 8h30 às 22h, de segunda à sábado
O que o botequim oferece: cerveja gelada,
amendoin, carne de sol, fava, guizado, carneiro
feijoada e caldos.


A SAMBA DE TODOS NÓS



As eleições da SAMBA (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências) confirmaram a vitória da chapa 'Nós dá Samba'. Foram 113 votos contra 48 da chapa 'Eu Sou Biba'. Houve um voto nulo, mais pelo excesso de cerveja do eleitor do que propriamente pela contestação do processo.

Coisas de um Beco que contou com a participação inusitada até mesmo do TRE, que baixou por ali depois de receber uma denúncia descabida e infundada de que a eleição estava realizando propaganda antecipada para algum candidato à prefeito de Natal.

O papo no Beco era outro, tão importante como divertido e democrático. De fato e a bem da pluralidade, pelos próximos três anos a equipe liderada pelo produtor cultural Dorian Lima vai trabalhar em favor da preservação e reestruturação do Centro Histórico de Natal.

Há muito trabalho pela frente. E agora que passou a eleição é hora de toda comunidade do Beco se engajar na mesma luta. As cobranças, como não poderia deixar de ser, já começaram antes mesmo do último voto ser apurado. E tem que ser assim, o que mostra a importância que o Centro Histórico tem.

A Samba vai procurar o diálogo com os comerciantes e moradores. A Samba vai buscar parcerias sem perder a independência. A Samba vai atrair a população. A Samba vai debater a cidade com a sociedade. Como diz o manifesto da chapa 'Nós dá Samba', a Samba não é de ninguém porque a Samba é de todos NÓS.  

Mãos à obra!

A Diretoria Executiva eleita da Samba

Diretor executivo: Dorian Lima
Diretora-adjunta: Ana Maria Guimarães
Diretor cultural: Rafael Duarte
Diretor de eventos: Severino Ramos
Diretor de assustos de juventude: Paulo Melo (Paulino de Nazaré)
Diretor social: Alex Gurgel
Diretores financeiros: Flávia Spinelli, Vanessa Amélia e Ceiça Lima
Secretários: Renan Ribeiro, Venâncio Pinheiro e Camilo Lemos